terça-feira, 30 de novembro de 2010

Programa e Conteúdo do Minicurso

3º. Simpósio de Hipertexto e Tecnologia na Educação
Minicurso: Nós somos os nós e a escola é a rede
Prof. Dr. Luiz Fernando Gomes – Uniso – Sorocaba/SP

 PROGRAMA

Dias: 2 e 3 de dezembro/2010
Duração: 2 aulas de 1h20 min. (total: 2h40min)

Dia 1/12
Apresentação do professor e esclarecimento sobre a ementa e objetivos do minicurso.
Apresentação do Blog do minicurso. (25min)

Ementa: A ação das pessoas em rede pode mudar nossas concepções e nossas práticas
sobre ensino-aprendizagem, se é que esse binômio ainda continua válido. As cidades são
educadoras, as comunidades são educadoras, todos somos educadores.
Tendo como ponto de partida as redes sociais, este minicurso abordará de forma crítica e
prática as idéias de Ivan Illich sobre a sociedade sem escolas; o conectivismo, teoria de
aprendizagem defendida por George Siemens; a aprendizagem informal e o homeschooling
nas redes sociais; o papel das comunidades de aprendizagem e a educação comunitária.

Objetivos: apresentar subsídios teóricos e propor atividades práticas que levem os
participantes a refletir sobre as implicações das redes sociais no cotidiano escolar.
Fazer breve introdução de alguns conceitos sobre as redes sociais de aprendizagem e suas
características. Principais referências teóricas, características das redes sociais e a ideia da
minkipídia (30 min.)
Atividade de produção: elabore uma "minkipídia" utilizando um blog (que já tenha) ou outro
aberto para este fim. (30 min.)
Atividade de produção: divulgue aos colegas do minicurso, pelas mídias sociais (Twitter ou
outro de sua preferência) sua "minkipídia". (30 min.)
 Dia 2/12 - 1º. ENCONTRO
Conteúdo: Definição de redes sociais; introdução à teoria do conectivismo e suas
implicações; Ivan Illich e a sociedade sem escolas;

O que são redes sociais.Definida em 1994, por Wasserman & Faust (apud VALENTIM, 2008), como um ou mais
conjuntos finitos de atores (nós) e eventos e das relações e interações (laços) sociais 
estabelecidas entre eles. Seus significados têm evoluido nos últimos anos.
Franco (2010 b:3), alerta para o fato de  que o que constitui as redes são as ações; ele
enfatiza que as  redes são ambientes de interação, não de participação ou inscrição apenas.
Recuero (2009), por sua vez,  lembra que  os atores sociais que utilizam as redes é que são
as redes. As redes somos nós.
Reforçando o papel dos atores, Recuero diferencia redes sociais de sites de redes sociais.
Para ela, "embora os sites de redes sociais atuem como suporte para as interações que
constituirão as redes sociais, eles não são, por si, redes sociais." Computadores não foram
redes sociais. Os atores são a rede!

Os sites sociais ou softwares sociais permitem a construção de um perfil, interação através
de comentários e exposição pública da rede social de cada ator. O surgimento das redes
sociais é consequência do uso dos softwares. Ex., Facebook, Orkut, etc.
Já o Fotolog e o Flickr não são espaços para perfis, mas estes podem ser criados, a partir
das fotos publicadas. São, segundo Recuero, sites de redes sociais apropriados. Os
Blogs,porém, podem ser construídos como espaços pessoais e podem construir redes
sociais através de comentários e links. São sites de apropriação.

Redes de Filiação: há apenas um conjunto de atores; ela é o substrato dentro do qual a rede
de laços sociais pode durgir. Ela é uma estrutura de grupo que não parte de laços sociais
entre seus membros, mas que permite que as pessoas interajam e que eles sejam construídos.
Surgem de relações não-sociais que podem ser socialmente interessantes. A relação que
define esse tipo de rede é a relação de pertencimento, descolado de qualquer tipo de
interação. (WATTS, 2003, apud RECUERO, 2009:97). É o caso da EaD e dos LMS.

Redes Associativas: são as derivadas de conexões estáticas entre os atores, ou seja, de
interações reativas (PRIMO, 2003ª, pud RECUERO, 2009:98). É o caso das listas de
"amigos" no Orkut, da lista de pessoas que alguém segue no Twitter, etc.
Uma pessoa pode relacionar-se diferentemente em cada ambiente: Orkut, GoogleTalk e
Blog, em diferentes planos de sociabilidade, com foco em diferentes tipos de capital social.
Saber como criar redes e ter uma rede de apoio torna-se um capital social de grande
relevância.

Nas sociedades em rede, por outro lado, o trabalho e a comunidade evoluíram de grupos
hierárquicos, densamente interligados e confinados (as "pequenas caixas"), para redes
sociais. As fronteiras são mais permeáveis, as interacções mais diversificadas, as ligações
distribuem-se por diversas redes, as hierarquias são mais planas e de estrutura mais
complexa.

Em vez de se acomodar ao grupo daqueles que o rodeiam, o indivíduo constrói a sua própria
rede pessoal. A maior parte das pessoas funciona em múltiplas comunidades parciais, à
medida que lidam com redes amorfas e em constante reconfiguração de parentes, vizinhos,
amigos, colegas e laços organizacionais.

Caminhando nas discussões sobre as redes e a educação, Araújo (1998, apud SIEMENS,
2008) trouxe a ideia de que aprendizagem e conhecimento residem em "redes heterogêneas
de relacionamentos entre o mundo social e material" (ARAÚJO :317, apud SIEMENS,
2008:6). E, para Siemens (op.cit.,loc.cit.), para que os indivíduos tenham acesso ao
conhecimento de uma determinada sociedade ou cultura, as ligações devem ser formadas
através do uso de artefatos de mediação, como a tecnologia, como preconizado pela teoria
da atividade.

As empresas de tecnologia não tardaram a perceber o potencial das redes sociais e logo
começaram a lançar recursos e serviços, como por exemplo, o MySpace (2003), o Orkut
(2004), o Flickr (2004) e o Facebook (2004). Hoje são mais de trinta ferramentas. De
acordo com Siemens, a partir de 2005, as definições de redes de aprendizagem começaram
a dar mais ênfase nas pessoas, reconhecendo, porém as duas dimensões: técnica e humana e
considerando a tecnologia como tendo dupla função: armazenar e conectar informações e
possibilitar a manutenção das redes sociais. (VEEN & VRAKKING,2006, apud
SIEMENS, 2008).Elas são, portanto, também um meio pelo qual o conhecimento é
distribuído.

Na educação, uma das primeiras referências sobre modelos de rede foi feita pelo educador
austríaco, Ivan Illich em sua famosa obra "Sociedade sem Escolas", onde preconizava a rede
mundial de computadores através da qual os alunos poderiam acessar acessar a informação
de que necessitassem, sem que dependessem do professor.
http://escoladeredes.ning.com/video/sociedade-sem-escolas

Posteriormente, outros estudos vieram ampliando as noções de rede, como nos revela
Siemens (2008). Entre os sociólogos vieram Wellman, que publicou em 1978 o livro Nação
Rede, no qual discutia o papel da comunicação mediada como um agente transformador da
sociedade. Em 2001, esse mesmo autor traria o conceito de "individualismo conectado" no
sentido de que as pessoas usam suas redes para obter informações, colaboração, serviços,
apoio, sociabilidade e sentido de pertencimento. Da sociologia vieram também Castells em
1999 e Watts, em 2003, que contribuiram para popularizar as visões de redes de interação,
comunicação e organização social através de obras clássicas, respectivamente, "A Socidade
em rede" e "Seis Degraus: a ciência de uma era conectada". Na Física, talvez a contribuição
inicial mais importante seja a de Albert-László Barabási, com seu livro "Conectado: a nova
ciência das redes", de 2002. Para o autor, as redes estão em toda parte, só nos resta
percebê-las.

O que as redes não são.Aqui é preciso entender que as redes não são expedientes
instrumentais para pescar pessoas e levá-las a trilhar um determinado caminho ou seguir uma
determinada orientação. As redes farão coisas que seus membros quiserem fazer; ou melhor,
só farão coisas conjuntas os membros de uma rede que quiserem fazer aquelas coisas. Se
alguém propõe fazer alguma coisa em uma rede de 100 participantes, talvez 40 aceitem a
proposta; os outros 60 farão outras coisas ou não farão nada. Em rede é assim: não há
centralismo. Não há votação. Não há um processo de verificação da formação da vontade
coletiva que seja totalizante e que se imponha a todos, baseado no critério
majoritário.(FRANCO,2010)

Redes Sociais e Educação: Além disso, dizer que as pessoas estão conectadas umas com as
outras, significa muito mais do que fornecer a cada uma o nome, o e-mail, o endereço e o
telefone das demais pessoas. É necessário que elas se conectem realmente. Também é
necessário que todas as pessoas disponham de meios (tempo, afetividade, etc.) para fazer
isso, quer dizer, meios para entrar em contato umas com as outras: se quiserem, quando
quiserem e com quem quiserem.(FRANCO,2010).
Em suma, quem quer articular e animar redes sociais deve resistir às (quatro) tentações
seguintes:

fazer redes de instituições (em vez de redes de pessoas);
ficar fazendo reuniões para discutir e decidir o que os outros devem fazer (em vez de,
simplesmente, fazer);
tratar os outros como "massa" a ser mobilizada (em vez de amigos pessoais a serem
conquistados) e;
querer monopolizar a liderança (em vez de estimular a emergência da multiliderança).
(FRANCO,2010).

E não é isso que a escola, ou que os professores sempre procuram fazer com seus alunos?
Os tuores de EaD que o digam!

As redes não são para fazer alguma coisa, elas são simplesmente para ser.
A rede não é um instrumento para fazer mudança, ela é a mundaça.
As redes convertem competição em cooperação. (FRANCO, 2010)

Não se trata de uma era de máquinas inteligentes, mas de seres humanos que, através das
redes, podem combinar a sua inteligência" (3), gerando uma inteligência em rede, um novo
tipo de inteligência coletiva. Mas essa inteligência coletiva não nasce como resultado da
aplicação de uma engenharia que combine de forma planejada as inteligências humanas
individuais. Ela é uma "inteligência social", que nasce por emergência, uma espécie de swarm
intelligence que começa a brotar espontaneamente quando muitos micromotivos diferentes
são combinados de uma forma que não se pode prever de antemão. Aqui também não se
pode pretender aplicar uma fórmula, um esquema, para produzir esse "supercomputador"
que é a rede social. (FRANCO, 2010).

Teoria de Aprendizagem. Com a metáfora das redes sendo cada vez mais utilizada na
educação, não tardaram surgir novas propostas de teorização e sobre aprendizagem e
construção de conhecimentos. Salomon (1993, apud SIEMENS, 2008) nos fala sobre a
cognição e conhecimento distribuído. Para o autor a cognição que ocorre "em conjunto ou
em parceria com outros" é devido a três razões: "(1) o uso de computador para auxiliar na
atividade intelectual; (2) o interesse na teoria de Vygotsky sobre a cognição como produto
de um determinado contexto ou ambiente social; e (3) insatisfação com os limites da
cognição quando vistos apenas como "na cabeça", ou como explicam Cole & Engerström,
(1993;15, apud SIEMENS, 2008) as interações diárias entre pessoas resultam na
distribuição social da cognição.

Análises de redes. Atualmente, na que Siemens chama de quinta etapa das redes, os
educadores estão começando a explorar a forma como modelos de rede podem ajudar não só a
aprendizagem colaborativa em ambientes on-line e combinados, mas em redes de
aprendizado móvel e universal (pervasive móbile learning) (Rennie & Mason, 2004, p. 109),
determinação de estruturas de rede social a partir da análise de fóruns de discussão (Gruzd
& Haythornthwaite, 2008) e conversas de comunidades on-line (Haythornthwaite & Gruzd,
2007).

Conectivismo. Outra questão seria verificar em que medida o construtivismo ou outra teoria
da aprendizagem daria conta dessas formas de se relacionar com o conhecimento e de
construir conhecimento. Siemens defende o que ele chama de Conectivismo que, embora
não seja uma teoria da aprendizagem acabada, ajuda a entender o conhecimento distribuído
e o que parece ser seu ponto nevrálgico, a ideia da aprendizagem fora do ser humano, nas
redes sociais. Um outro pesquisador, citado por Dave Cormier (2008) em seu artigo Rhizomatic education: Community as curriculum, utiliza a  noção de rizoma teorizada por Deleuze & Guattari em sua obra de 1980, Mille Plateaux.

Por questões de espaço, essas questões não serão aprofundadas aqui mas o artigo de Cormier      
está disponível no link  http://davecormier.com/edblog/2008/06/03/rhizomatic-education-community-as-curriculum/
 
As avaliações de aprendizagem serão feitas diretamente pelos interessados em se associar ou
em contratar (lato sensu) uma pessoa. Redes de especialistas de uma área ou setor
continuarão avaliando os especialistas da sua área ou setor. Mas essa avaliação será cada
vez horizontal. E, além disso, pessoas avaliarão outras pessoas a partir do exame das suas
expressões de vida e conhecimento, pois que tudo isso estará disponível, será de domínio
público e não ficará mais guardado por uma corporação que tem autorização para acessar e
licença oficial para interpretar tais dados. (FRANCO, 2010 (a): 11 ) Minkipídia.

                  2º. ENCONTRO – PAPEL DAS COMUNIDADES DE APRENDIZAGEM

Conteúdo: aprendizagem informal e homeschooling; desafios para a escola; análise de redes
sociais por meio de softwares.

 Aprendizagem Informal. Educadores que procuram compreender como os alunos interagem
uns com os outros por meio de fóruns on-line, e-mails ou redes de blogs, podem invocar os
princípios de análise de rede desenvolvidos por sociólogos. Da mesma forma, educadores
podem usar análise de dados ou ferramentas de visualização para avaliar a qualidade das
interações dos aprendizes uns com os outros e com os conceitos-chave de um determinado
curso. (SIEMENS, 2008: 7,8) Observem que não estamos falando em escola!
Interessante notar que não por acaso tenhamos evoluído de computadores                
conectados (ideia predominante da chamada Web 1.0) para a noção de pessoas (atores)
conectadas e mesmo para comunidades conectadas em rede.

 Sendo a aprendizagem e o conhecimento dinâmicos, vivos e evolutivos e não apenas
conteúdos estáticos, um ambiente de partilha de conhecimento, no âmbito de uma ecologia,
devia ter, de acordo com Siemens (17-10-2003), as seguintes características:

 Ser informal e não estruturado; não definir a aprendizagem; ser suficientemente flexível para
permitir aos participantes criarem de acordo com as suas necessidades.
Ser rico em ferramentas, providenciando muitas oportunidades de diálogo e de conexão
entre os utilizadores.

Possuir consistência e perdurar, já que muitas comunidades, projectos e ideias começam
com grandes expectativas, notoriedade e promoção e, depois, desaparecem lentamente.
Para criar uma ecologia de partilha de conhecimento, os participantes precisam de ver um
ambiente que evolui de forma consistente.

Transmitir confiança. Só o contacto social intenso, presencial ou online, permite desenvolver
um sentimento de confiança e de conforto, e para tal é necessário que os ambientes sejam
seguros.

Ser simples; a necessidade de simplicidade deve ter atenção prioritária. Há excelentes ideias
que falham devido à sua complexidade, sendo as abordagens simples e sociais as mais
eficientes. Quer a selecção de ferramentas, quer a criação da estrutura da comunidade
devem reflectir esta preocupação com a simplicidade.

Ser descentralizado, apoiado, conectado, em vez de centralizado, gerido e isolado.

Possuir um alto nível de tolerância relativamente à experimentação e o fracasso.
                  Fonte: http://orfeu.org/weblearning20/4_2_conectivismo

 Franco (2008) nos mostra três diagramas elaborados em 1964 por Paul Baran.
                      FIG. 1 | Diagramas de Paul Baran (FRANCO, 2008)
  (os diagramas não estão disponíveis aqui) 

Observamos que os três modelos de rede acima bem que poderiam representar tipos de
hipertextos (GOMES, 2010) mas representam, neste caso, conexões de pessoas em
redes.A implicação mais direta e que precisa ser melhor discutida é que se o hipertexto,
conforme vemos nos sites de redes sociais (Orkut, Facebook, MySpace, etc.) conecta além
de lexias, pessoas e comunidades, e pode, portanto, tornar-se um elemento central na
apenas no hipertexto (GOMES, 2010) mas também central na formação e manutenção de
redes socias.

De fato, como já falamos antes, Recuero (2009: 105) afirma que " redes sociais também
podem ser construídas através de comentários e dos links." Nesse caso, talvez os estudos
sobre o hipertexto possam ampliar seu escopo, averiguando como links de comentários, de
"curtir" e os links que enviam determinado conteúdo para diversos sites de relacionamento
promovem não apenas novas possibilidades de leitura hipertextual multimodal, mas a
constituição e a manutenção de redes sociais.

Redes Sociais e Capital Social 

O capital é um conjunto de recursos de um grupo/indivíduo: coletivo e individual. Baseia-se
no conteúdo e é a vantagem última de fazer parte de um grupo.
Tipos de Capital Social
a) relacional - que compreenderia à soma das relações, laços e trocas que conectam os
indivíduos de uma determinada rede;
b) normativo – que compreenderia as normas de comportamento de um determinado grupo
e os valores deste grupo;
c) cognitivo - que compreenderia a soma do conhecimento e das informações colocadas em
comum por um determinado grupo;
d) confiança no ambiente social - que compreenderia a confiança no  comportamento de
indivíduos em um determinado ambiente;
e) institucional - que incluiria as instituições formais e informais, que constituem-se na
estruturação geral dos grupos, onde é possível conhecer as "regras" da interação social, e
onde o nível de cooperação e coordenação é bastante alto.
Tais aspectos do capital social seriam divididos entre os aspectos de grupo (que eles também
chamam de segundo nível de capital social), ou seja, aqueles que apenas podem ser
desfrutados pela coletividade, como o a confiança no ambiente social (d) e a presença das
instituições (e), e os aspectos individuais, como as relações (a), as leis ou normas (b) e o
conhecimento (c), que variam de acordo com os indivíduos (primeiro nível de capital social).
A existência de capital social de primeiro nível é requisito para a constituição do capital de
segundo nível (que representa uma sedimentação do primeiro) (Bertolini e Bravo,2004).
Deste modo, um segundo nível de capital demonstra uma maior maturidade da rede social,
além de maior densidade e existência no tempo de seus laços. O capital de segundo nível é
importantíssimo, porque aumenta a qualidade e a produção do de primeiro nível, criando um
círculo de produção constante de recursos pelo grupo.
            Fonte: http://www.unirevista.unisinos.br/_pdf/UNIrev_daCunha.PDF

Behaviorismo, cognitivismo e construtivismo são as três grandes teorias da aprendizagem
mais frequentemente usadas na criação de ambientes instrucionais. Essas teorias, contudo,
foram desenvolvidas em um tempo em que a aprendizagem não sofria o impacto da
tecnologia. Através dos últimos vinte anos, a tecnologia reorganizou o modo como vivemos,
como nos comunicamos e como aprendemos. As necessidades de aprendizagem e teorias
que descrevem os princípios e processos de aprendizagem, devem refletir o ambiente social
vigente. Vaill enfatiza que "a aprendizagem deve ser um modo de ser – um conjunto usual de
atitudes e ações que pessoas e grupos empregam para tentar se manter a par dos eventos
surpreendentes, novos, confusos, perturbadores que aparecem sempre..."(1996, p.42, apud
SIEMES, 2004) 

                       Redes Sociais e as Questões que traz para a Educação
Como as teorias da aprendizagem são impactadas quando o conhecimento não é mais
adquirido de maneira linear?
Que ajuste é necessário fazer nas teorias da aprendizagem quando a tecnologia realiza muitas
das operações cognitivas anteriormente realizadas pelos aprendizes (armazenamento e
recuperação de informação)?
Como podemos nos manter atualizados em uma ecologia da informação que evolui
rapidamente?
Como as teorias da aprendizagem lidam com momentos em que o desempenho é necessário,
na ausência de uma compreensão completa?
Qual o impacto das redes e teorias da complexidade na aprendizagem?
Qual é o impacto do caos como um processo complexo de reconhecimento de padrões na
aprendizagem?
Com o aumento do reconhecimento das interconexões em diferentes campos de
conhecimento, como os sistemas e teorias da ecologia são percebidos à luz das tarefas de
aprendizagem?
"A experiência tem sido considerada, há muito tempo, o melhor professor para o
conhecimento. Desde que não podemos experimentar tudo, as experiências de outras
pessoas e, portanto, outras pessoas, tornam-se o substituto para o conhecimento. "Eu
guardo meu conhecimento em meus amigos" é um axioma para juntar conhecimento juntando
pessoas (não datado)."

 Auto-organização em um nível pessoal é um microprocesso dos construtos maiores de
auto-organização do conhecimento criados nos ambientes corporativos ou institucionais.
Para aprender, em nossa economia do conhecimento, é necessário ter a capacidade de
formar conexões entre fontes de informação e daí criar padrões de informação úteis.

 Conectivismo é a integração de princípios explorados pelo caos, rede, e teorias da
complexidade e auto-organização. A aprendizagem é um processo que ocorre dentro de
ambientes nebulosos onde os elementos centrais estão em mudança – não inteiramente sob o
controle das pessoas. A aprendizagem (definida como conhecimento acionável) pode residir
fora de nós mesmos (dentro de uma organização ou base de dados), é focada em conectar
conjuntos de informações especializados, e as conexões que nos capacitam a aprender mais
são mais importantes que nosso estado atual de conhecimento. (SIEMNES, 2004).

                                                  Análise de Redes Sociais:
                                   Softwares para análise de redes e geração de grafos:
http://www.insna.org/software/index.html
http://www.analytictech.com/ucinet/ucinet.htm
Link Excelente com resumo sobre as redes sociais:
http://np2tec.uniriotec.br:9089/mediawiki/index.php/Redes_Sociais#Tipos_de_Redes_Sociai
s
Atividadede produção: realizar diagrama das redes sociais a que pertencem e exemplificar as
ações que nelas realizam. Sã de fato redes?
Apontar também: a natureza, o nível e o propósito do engajamento. (se houver hierarquia
não é rede!).
Acessar o site Peabirus: http://www.peabirus.com.br/ e fazer uma análise crítica sobre ele,
em função dos temas discutidos aqui.

                                                       RESUMÃO DO MINICURSO                     I
Inicialmente eram os computadores.
Vivíamos nos anos 1960, a contracultura, os hippies e o psicodelismo e a possibilidade de
"abertura da mente" com o uso de alucinógenos.
Depois vieram os computadores conectados ma internet. E a internet começou a ter várias
redes de computadores dentro dela. A Web 1.0.
Formaram-se intranets e ethernets. Redes exclusivas e redes abertas de computadores e de
corporações.
Nesse tempo, 20% dos produtores faziam 80% dos produtos.

 II

Então, vieram os PCs sem conexão para digitar trabalhos e provas.
Com a chegada da conexão discada (paga) começamos a sair do "autismo" e conhecer
outros computadores.
Os sites eram principalmente corporativos. As imagens eram um luxo, uma opção.
Não havia interação e a interatividade era do tipo reativa.
Os problemas com o hipertexto concentravam-se na leitura e atribuição de sentido, já que a
escrita/produção de hipertextos era algo apenas para iniciados. Naquele tempo os links
eram, muitas vezes, dúbios e pouco claros. Ainda não havia uma padronização
(folksonomia).
Do mesmo modo que a contracultura, a internet foi sendo cooptada pelas grandes empresas
e foi se tornando domínio de poucos.
Quando a quebra da Web 1.0,a corporativa, veio a Web 2.0 e, com ela, em 2003
(O´Reilly), vieram os Blogs.
A Web 2.0 nasceu social e política. Participou de movimento contra guerra do Iraque, com o
blog Move On e ajudou a arrecadar dinheiro para a campanha política de Howard Dean,
com o blog Dean For America.
A revista Times, em 2006, elegeu o anônimo você como o homem do ano pela coopera;'ao
generalizada promovida através da web, com o Youtube sendo apresentando como melhor
exemplo.

 III

 Com a internet provida de softwares sociais (Blog, Orkut, etc.) as pessoas começaram a se
conectar e a formar redes de relacionamentos sociais virtuais.
Para Recuero (2009), as pessoas são as redes, elas as formam. Mas, para Franco, as redes
não são participação, são interação, ação.
Existem sites que não foram criados para a criação de redes sociais, dentre os quais
encontramos as salas virtuais dos LMS usados em EaD.
E existem aqueles que, por facilitarem a colocação de perfil e de links para comentários, são
os softwares sociais de fato.
Não basta estar inscrito, ser membro, como no caso do Facebook, por exemplo, onde uma
porção de pessoas que não conhecemos querem fazer parte da nossa rede social, dos
nossos contatos.
São pessoas com quem nunca faremos contato!

IV

 Percebemos que temos inúmeros contatos mas fazemos pouca coisa juntos, de fato.
Não mobilizamos e nem nos mobilizamos.
As visões de Recuero e de Franco e Siemens se opõem em vários aspectos. Na de Recuero,
para haver clareza que as redes sociais podem ser hierárquicas e centralizadas, na de
Franco, elas são o inverso disso.
Temos vários níveis de participação nas redes. Criamos laços.
Laços fortes e fracos.
Quando nos relacionamos com as pessoas em ambientes presenciais também, os laços
tendem a ser mais fortes.
Arrumamos um meio de valorizar os laços, criando a noção de Capital Social, na década de
1980 (Bourdieu, 1983, p. ex.). Ele viria complementar o capital humano (habilidades
individuais, conhecimentos e atitudes), o capital físico (ativos financeiros) e o capital advindo
das relações sociais.
E então a rede virou capitalista.

As pessoas mantém e investem em suas redes de acordo com o capital que elas
representam.
O capital é um conjunto de recursos de um grupo/indivíduo: coletivo e individual. Baseia-se
no conteúdo e é a vantagem última de fazer parte de um grupo.

Tipos de Capital Sociala) relacional - que compreenderia a soma das relações, laços e trocas que conectam os
indivíduos de uma determinada rede;
b) normativo – que compreenderia as normas de comportamento de um determinado grupo
e os valores deste grupo;
c) cognitivo - que compreenderia a soma do conhecimento e das informações colocadas em
comum por um determinado grupo;
d) confiança no ambiente social - que compreenderia a confiança no comportamento de
indivíduos em um determinado ambiente;
e) institucional - que incluiria as instituições formais e informais, que constituem-se na
estruturação geral dos grupos, onde é possível conhecer as "regras" da interação social, e
onde o nível de cooperação e coordenação é bastante alto.
Tais aspectos do capital social seriam divididos entre os aspectos de grupo (que eles também
chamam de segundo nível de capital social), ou seja, aqueles que apenas podem ser
desfrutados pela coletividade,como o a confiança no ambiente social (d) e a presença das
instituições (e), e os aspectos individuais, como as relações (a), as leis ou normas (b) e o
conhecimento (c), que variam de acordo com os indivíduos do primeiro nível de capital
social). A existência de capital social de primeiro nível é requisito para a constituição do
capital de segundo nível (que representa uma sedimentação do primeiro) (Bertolini e
Bravo,2004). Deste modo, um segundo nível de capital demonstra uma maior maturidade da
rede social, além de maior densidade e existência no tempo de seus laços. O capital de
segundo nível é importantíssimo, porque aumenta a qualidade e a produção do de primeiro
nível, criando um círculo de produção constante de recursos pelo grupo.
                  Fonte: http://www.unirevista.unisinos.br/_pdf/UNIrev_daCunha.PDF

As comunidades e as redes sociais se formam independente do comando, em muitas sequer
é necessário convite. Elas são anárquicas e selvagens.

 V
E então vem a escola. Ela traz sua estrutura hierárquica, de controle e domínio. Tenta
encaixar o quadrado no circulo.
Surge necessidade de novas teorias de aprendizagem. O Conectivismo é uma delas.
Guardo meu conhecimento na cabeça dos meus amigos.
Organizações que aprendem.
O conhecimento produzido fora do homem, nas máquinas.
Apreciação Integrada
3º. Simpósio de Hipertexto e Tecnologia na Educação
Minicurso: Nós somos os nós e a escola é a rede
Prof. Dr. Luiz Fernando Gomes – Uniso – Sorocaba/SP
Nome: ......................................................................................................
Instruções: comente o que mudou em você com o trabalho desenvolvido neste minicurso.
Pense em sua experiência de forma abrangente, envolvendo seu conhecimento (informações
que não possuía antes e agora possui); seu sentimento (atitudes melhoradas ou não) e sua
atividade (o que antes não fazia e agora julga que pode vir a fazer). Use as palavras do
momento e escreva durante 15 minutos.